Sem muita ladainha, não tenho vindo aqui pois nestes ultimos dias andei muito ocupado e sem tempo para pesquisar a fundo sobre os poucos assuntos que tive tempo para discutir neste último trimestre de 2008. Mas o caso que venho expressar minha opnião hoje me despertou tanta indignação que não pude deixar de escrever algo sobre isso.
Sean é um garoto de nove anos que desde 2004 vem sendo alvo de disputa entre sua mãe brasileira Bruna Bianchi e seu pai americano David Goldman mas essa disputa ficou mais acirrada desde o ano passado, com a morte de Bruna no parto de sua mais nova filha e a determinação da justiça brasileira de que a guarda provisória da criança ficasse com o padrasto e a família da mãe de Sean.
O caso acabou tomando conta das manchetes mais influentes do Brasil e do mundo nesses últimos dias. Lembro-me de que nas primeiras vezes que me deparei com o caso, li alguns títulos de matérias, escrito "Sean fica no Brasil" ou algo do gênero. Achei que Sean era algum criminoso que fora preso no Brasil e simplesmente não dei a mínima para o caso, afinal, quando se tem um portal de notícias como página inicial de seu navegador, você acaba se acostumando a ler notícias das mais banais às mais redundantes.
O caso Sean começou a me chamar atenção justamente quando era para eu perder o interesse. Estava eu deitado em minha cama, circulando pelos canais de TV até que me deparo com uma matéria sobre o caso, naqueles jornais de madrugada que fazem um resumo do dia. Foi neste dia que tive um conhecimento superficial sobre o caso. A famosa história de uma criança disputada na justiça por parentes estrangeiros e brasileiros. Claro que se fosse na minha cidade e uma matéria a respeito disso fosse publicada na manchete do jornal municipal eu a julgaria louvável, agora, o que teria esse caso para que fosse digno de repercussão nacional?
Eis que me surpreendo mais uma vez, a repercussão não era somente aqui no Brasil, nos EUA a mesma história estampava os veículos de comunicação americanos. Aí é que me vem a decepção. Na realidade me arrependo de ter procurado informações sobre o caso, pois deste momento em diante, fiquei absolutamente perplexo com o que acabaria vendo. Obama, presidente dos Estados Unidos na teoria e dono do mundo na prática, havia feito um comentário que estava de olho no caso e pior, debateu o assunto com Luiz Inácio Lula da Silva quando este esteve na Casa Branca. Aí foi óbvio perceber o porque de tanto destaque ao assunto. Se até mesmo quando o presidente mata uma mosca em um programa de TV, vira manchete em todo mundo, era de se esperar que um comentário dele a respeito do caso viesse como um furacão pressionando o Judiciário brasileiro.
Desde então, não se ouvia falar em outra coisa a não ser David, Sean, Obama, Brasil, EUA e por aí continuava a palhaçada. O mais engraçado é que até agora eu não sei como David Goldman conseguiu deixar de seu lado a personalidade mais poderosa do mundo. Independentemente disso, o fato é que o que antes era uma briga judicial entre famílias, virou disputa de poder entre dois países. Eu sempre simpatizei com o presidente Lula, afinal, não é a toa que ele é "o cara" lá fora, mas, a atitude dele foi extremamente egoísta ao debater o assunto sem prestar nenhuma assistência à família do garoto. Nem mesmo a carta publicada pela família brasileira foi respondida. Como assim? Barack Obama tem mais direito de debater o caso com o presidente do que a própria família? Bom, se isso é justo eu acredito que não, mas pelos fatos, a resposta é SIM!
A situação melhorou para a família que só queria que a justiça desse o direito de Sean se pronunciar a respeito de suas vontades quando o ministro do STF determinou que o garoto deveria permanecer no país até fevereiro, quando o recesso forense chegasse ao fim e então a vontade da família fosse atendida.
Mas para o pai do garoto de nada importava a decisão do filho, ele era o pai e tinha o direito de ficar com a criança. Mais uma vez, a decisão da justiça brasileira da início a uma discussão inacabável nos EUA. O que subentende-se que o Brasil não acatou as vontades americanas e desde a invasão do iraque em meados de 2003 os Estados Unidos é la um país que se deva contrariar, por uma questão política, econômica e até mesmo de sobrevivência.
Eis que mais tarde o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes cassa a determinação do ministro e determina que a criança seja entregue para o pai. Pronto, está assinada a carta de marionetes verde e amarelas.
O mais engraçado é que logo após essa decisão, foi aprovada por unanimidade a extensão do programa de isenção tarifária que beneficia as exportações brasileiras e de mais 131 países. Votação que fora suspendida pelo senador do estado onde David mora, Nova Jersei, por conta da disputa pela guarda do menino no Brasil.
E depois vem a família americana criticar a família brasileira dizendo que são responsáveis pela superexposição da criança na mídia? Quem será que foram os maiores responsáveis por esse bombardeio de notícias a respeito da criança? Ah, por favor! Acho que o mínimo que estes ridículos deveriam fazer era agradecer a imprensa pela pressão sobre o governo brasileiro, pois se não fosse isso, com certeza o natal deles teria sido bem longe de Sean.