A Televisão e os Telebarracos

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Não nego o fato que eu sou demasiadamente ignorante quando o assunto é Comunicação. Mas a verdade é que as vezes me sinto um tanto quanto farto em relação à qualidade dos meios de comunicação que temos nos dias atuais. Neste artigo em especial, a TV.

Talvez se nosso ilustre Assis Chateaubriand tivesse previsto este fato, teria tido um fim tão desgostoso quanto o do suposto suicídio de Santos Dumont.

Sei que a informação já não é nova mas a saída da apresentadora Regina Volpato do programa 'Casos de Família' me deixa ainda um tanto comovido. Bem, como eu já sabia, a saída dela do programa se deu pelo fato de que o Sr. Silvio Santos queria simplesmente um programa de mais baixo calão a ponto de concorrer de igual pra igual com os já desqualificados programas concorrentes diretos.

Porém, o fato é que não foi simplesmente o Senor Abravanel que quis uma troca de apresentadora, pelo contrário, a intenção era manter Regina, já que isso seguraria seu fiel grupo de fãs assistindo o renovado Programa.


Eu não sou daquelas pessoas fissuradas em programas que fazem superexposição de pessoas banais, pelo contrário, tenho certo preconceito. Acho isso sensacionalismo puro e acredito que não é disso que a Televisão precisa.
Mas o Casos de Família ia muito além. Regina tratava seus entrevistados com uma empatia ímpar. E no final de tudo, após coletar informações com perguntas bem elaboradas e inteligentes, fazia um aconselhamento final que era de dar inveja há muitos psicólogos por ai.

Isso me chamou atenção neste programa. A cumplicidade com que aquela mulher tratava seus entrevistados. A humildade que ela lida com seus fãs. Uma profissional que ama o que faz. Essa foi a Regina que pude notar nestes 5 anos de apresentação do Casos de Família em que me arrependo de não ter aproveitado ao máximo aquelas palavras incentivadoras, de mãe mesmo.


Após experimentar, sem sucesso, fazer os programas ao estilo 'telebarraco', a apresentadora, que mantém um blog na internet, postou algumas palavras de sinceridade para com os seus telespectadores que obviamente estranharam a mudança de estilo e ouso até mesmo dizer, de caráter do referido programa.
"Amigos... Não tenho nada contra entretenimento. Tenho absoluta certeza de que é, sim, possível unir cultura, humor, informação e diversão num mesmo produto para a TV.
Adoro dar risada. Respostas espontâneas, rápidas, inteligentes e bem-humoradas de muitos dos meus entrevistados já me fizeram quase rolar de rir. Rir junto com eles. E não deles. Isso é que me encanta... Gravamos, então, temas seguindo uma nova cartilha. Na minha opinião, nem todos os programas deveriam ter sido exibidos. Mas foram. O último dessa leva nova foi ao ar hoje, 29 de agosto de 2008... Isso tudo tem me tirado o sono... Mas já aprendi a não me martirizar, nem a me crucificar. Olhar para ontem com os olhos de hoje e se punir é burrice. Porém, esse raciocínio não faz com que meu constrangimento seja menor.
Peço desculpas... Sou funcionária, tenho obrigações e deveres a cumprir na empresa onde trabalho. Tudo isso é verdade. Mas numa conversa muito tranqüila e educada, deixei claro que não tenho vocação (nem saúde, diga-se de passagem) para estar à frente de programas nos moldes dos mais recentes. (...)"
Quando li esses trechos eu fiquei emocionado pelo fato de que estas palavras expressavam, certamente, o mais profundo de seus desabafos para com seus fãs. A fim de que estes não se decepcionassem com tais atitudes que não eram de sua índole.
Achei simplesmente o máximo!

Pois é, embora a SBT tenha declarado diversas vezes o interesse em renovar o contrato com a apresentadora, parece que era regra que o programa continuasse com baixarias e Regina, mostrando-se mais uma vez uma mulher de fibra, que preza sua imagem e seus princípios não aceitando a proposta.

É claro que as ações da emissora não seriam contra seus rendimentos. Um programa de barracos deve ter bem mais audiência que um programa educativo. Enquanto isso o Big Brother está indo para sua 10ª edição e a todo vapor. Inacreditável.

É isso que faz o dinheiro da TV girar mais depressa. No famoso estilo Pão e Circo.

Só nos resta esperar a boa vontade dos burgueses da comunicação em disponibilizar um espaço culto, decente para que entre uma baixaria e outra na nossa telinha seja possível obter um pouco de conhecimento decente.

Narguilé - O Tabaco do Momento.

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Ontem estive com alguns amigos em um bar na cidade de Mogi Mirim – SP e tive a infelicidade de me deparar com o Narguilé (narguilê, narguila, nakla, arguile, naguile e etc.).
Não foi a primeira vez, já o conhecia há tempos e sempre fui contra a este instrumento. Porém, desta vez a coisa desandou um pouco. Todos meus amigos se viram fascinados por aquele cachimbo com um nome diferente, um formato diferente e um aroma que poderia variar em chocolate, menta, frutas e até coca-cola.

Eu que sempre fui muito careta com este tipo de assunto me senti incomodado e parecia que de nada importava minha preocupação para com meus companheiros. Eles estavam ali se divertindo tanto com o narguilé quanto com a minha caretisse de preocupar-me com a vida alheia e com os danos que tal objeto tão inofensivo poderia causar. Eu não conhecia a fundo os efeitos deste cachimbo e não sabia inclusive que era assim tão perigoso, mas não quis arriscar pois como curioso que sou eu já sabia que ali continha nicotina e que portanto, não haveria meios seguros de utilização que não prejudicassem meu organismo.

No início é tudo uma beleza, aquele aroma delicioso, aquela alegria de brincar com a fumaça por vezes me fez chegar a pensar se eu realmente não era rígido demais em relação aos meus princípios. Porém, após algumas horas, comecei a ouvir reclamações de ardência na garganta. O que me deixou intrigado. Ao realizar algumas pesquisas referentes ao assunto, pude constatar que tal cachimbo pode muito bem ser tão prejudicial quanto ou até mais que o cigarro. Ilustre antigo inimigo de nosso sistema respiratório.

Conhecendo um pouco sobre o cachimbo:

Narguilé é um cachimbo de água utilizado para fumar. Há diferenças regionais no formato e no funcionamento, mas o princípio comum é o fato de a fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. É tradicionalmente utilizado em muitos países do mundo, em especial no Norte da África, Oriente Médio e Sul da Ásia.

O narguilé é formado pelas seguintes peças:

Base: Peça central do narguilé; assemelha-se a um vaso. É onde se coloca a água (ou, embora não seja tradicional, outros líquidos, como arak, sucos ou essências naturais). Geralmente é feita de vidro, metal ou cerâmica; algumas são ornamentadas com desenhos.

Corpo: Peça cilíndrica que sustenta o fornilho e conecta-se à base. Na base, projeta um tubo para dentro da água, que conduz a fumaça.

Fornilho (rosh ou cabeça): Peça de barro ou cerâmica onde coloca-se o tabaco e, por cima deste, o carvão em brasa.

Abafador: Artefato em metal (muitas vezes descartados), geralmente alto para proteger a brasa do vento, evitando o consumo rápido do carvão.

Mangueira: É por onde se aspira a fumaça. Uma ponta termina numa piteira, e a outra encaixa-se na parte superior do corpo do narguilé (acima da água). Pode haver mais de uma mangueira para que várias pessoas fumem juntas (porém estes com válvulas especiais, ou do contrário os usuários não poderão "puxar" a fumaça simultaneamente). Em narguilés usados em locais públicos, como bares, freqüentemente usa-se uma peça plástica removível na ponta da piteira, que pode ser lavada ou descartada a cada uso, ao contrário da mangueira em si, que não deve nunca ser lavada, pois pode oxidar, criando assim partículas de fuligem, que atrapalham a aspiração da fumaça.

Como Funciona:

Quando se aspira o ar pela mangueira, reduz-se a pressão no interior da base; isso faz com que ar aquecido pelo carvão passe pelo tabaco, produzindo a fumaça. Ela desce pelo corpo até a base, passa pela água, onde é resfriada e filtrada, que retém partículas sólidas. A fumaça segue pela mangueira até ser aspirada pelo usuário e expirada logo em seguida.

Há um fumo especial para narguilés, usualmente feito com tabaco, melaço (um subproduto do açúcar) e frutas ou aromatizantes. Os aromas são bastante variados; encontra-se de frutas (como pêssego, maçã-verde, coco), flores, mel, e até mesmo Coca-Cola e Red-Bull. Embora também seja possível encontrar fumos não-aromatizados, estes progressivamente perderam espaço para os aromatizados, que hoje são muito mais populares.

Bom, até ai, ótimo parece tudo lindo, ou até mesmo como alguns dizem, a água filtra a nicotina e a fumaça chega ao pulmão completamente límpida e aromatizada. Pois é, seria mais fácil acreditar no nosso querido coelhinho da páscoa, pois não é nada dessa maravilha que se pensa. Pelo contrário, chega a ser assustador. Vejamos:

Os efeitos:

Os efeitos à saúde causados pelo fumo do tabaco são largamente conhecidos e se aplicam também ao uso do narguilé, contrariando a crença popular de que a água ajudaria a filtrar as impurezas do fumo, tornando-o menos nocivo à saúde. Recentes estudos indicam que seu uso pode ser ainda pior para a saúde do que o cigarro.

Há quem diga que apesar de ser nocivo à saúde, o narguilé é menos prejudicial que o cigarro comum, porém, independentemente da veracidade desta oposição, algo que se confirma é que o narguilé é prejudicial, vicia e deve ser combatido assim como qualquer cachimbo que utilize-se dos mesmos elementos tóxicos e prejudiciais à saúde e bem-estar humano. Além do mais, a Organização Mundial de Saúde alerta que a fumaça do narguilé contém inúmeras toxinas que podem causar câncer de pulmão, doenças cardíacas entre outras.

A Academia Estadunidense de Periodontologia afirma que o uso do narguilé é comparável ao cigarro, em relação aos riscos de doenças da gengiva.

George Loffredo, professor da universidade de Georgetown que conduziu estudo sobre o uso do narguilé no Egito acredita que, comparado ao fumante típico de cigarros, o fumante de narguilé expõe-se mais a toxinas como nicotina e monóxido de carbono.

Luiz Zaion, médico especialista em doenças respiratórias adverte que cinquenta tragadas são suficientes para levar ao vício, além de ser altamente cancerígeno e não se diferenciar em nada do cigarro convencional.

Carlos Alberto Viegas, pneumologista da universidade de Brasília, efetuou uma pesquisa sobre o assunto e mostra que uma sessão de 80 minutos de narguilé equivale a fumar aproximadamente 100 cigarros. O Problema é, diz o pesquisador, enquanto se leva em média onze minutos para fumar um cigarro comum, uma roda de amigos fumando um naguilé pode ficar horas fumando aquele tabaco e ingerindo uma quantidade muito maior de fumaça do que um fumante do cigarro convencional. E completa: “Não existe forma segura para o uso de tabaco. Tanto charutos, cachimbos e principalmente o narguilé causam os mesmos danos causados pela fumaça do cigarro.”
O que mais me preocupa é que assim como meus amigos que ontem passaram a noite toda fumando o cachimbo, diversos outros jovens vêm cada vez mais fazendo o uso deste instrumento em encontros para diversão. Virou como se fosse um “passatempo” da juventude atual. É só analisar nos sites de relacionementos mais utilizados no Brasil como é comum os jovens tirarem fotos fazendo desenhos com a fumaça do narguilé ou até mesmo ao lado do cachimbo. Inclusive, assim que se iniciam nessa brincadeira, logo começam as apostas de quem consegue sugar a maior quantidade de fumaça possível. Deprimente.
Segundo o juizado de menores e o artigo 243 do estatuto da criança e do adolescente, a venda ou fornecimento de fumo é crime e a pena pode ser de 2 a 4 anos de prisão. Pois não é o que se vê por ai. Nos bares de hoje em dia bata pagar para consumir o “fast-food” de fumos nos seus mais variados aromas.
Para mim, chega a ser lamentável ver a juventude atual numa situação dessas. Logo agora que eu acreditava que o vício do cigarro e todo aquele seu requinte de poder estava chegando ao fim, as tabacarias nos pegam de calças curtas novamente. Chego a pensar na impossibilidade de vencer a ambição capitalista.
Fontes: Wikipédia, Rede Bandeirantes e Rede Globo.

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